segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Entrevista DJ Rubem Rocha

Hoje segunda-feira 24-09-2012 mais uma entrevista da semana agora com DJ Rubem Rocha...


1) Fale sobre você e sua profissão DJ.
Olá a todos. Meu nome é Rubem Rocha, tenho 36 anos e sou natural de Manaus-AM. Antes de me profissionalizar, tocava apenas em festinhas de final de semana com os amigos. Quando resolvi me profissionalizar, participei do curso para DJs promovido pela boate Cabaret Night Club, ministrado pelo DJ e gerente da boate, Neto Brelaz. Destaquei-me dentre os demais alunos e tornei-me DJ residente da boate, e assim foi durante 2 anos e meio. Fui desligado da boate em dez/2011 e, desde então, só tenho me apresentado em eventos no interior do Estado ou como DJ convidado. Já toquei no Reveillon de 2011 da boate Eclipse em Alvarães, e recentemente toquei na boate Duxon de Coari. Além de DJ, sou analista-desenvolvedor de sistemas, sendo esta minha atividade primária.
2) O que é ser DJ para você?
Ser DJ é saber ouvir tudo que tem qualidade e conteúdo e que, ao mesmo tempo, pode ser transformado para mostrar novas sonoridades, novas tendências, novos estilos. Ser DJ é estar atualizado e antenado tanto com a música como com a tecnologia. Ser DJ é abrir mão de seu lazer para proporcionar alegria com suas musicalidade e seu estilo. E finalmente, ser DJ é abrir mão de seu direito para outros desfrutarem do mesmo direito, ou seja, o direito ao lazer.

3) Qual a importância do DJ para o mercado atual?
A meu ver, o DJ sempre teve um papel importante na música, usando de seu talento para dar vida nova à sons que outras pessoas não prestariam atenção. Com isso, o DJ contribui muito para a diversidade cultural, trazendo ao conhecimento das pessoas sons que jamais imaginariam ouvir. No aspecto econômico, é uma profissão que merece respeito, em especial em regiões do planeta onde se investe de maneira séria muito no lazer e no turismo para atrair visitantes e investimentos, consequentemente gerando emprego e renda.
4) No rádio, os DJs contribuíram para a consolidação do movimento?
Eu não diria que ajudaram a consolidar, mas ajudaram sim a divulgar uma cultura até então nova, a cultura da discotecagem. Isso influenciou muitas pessoas a também embarcarem neste mundo e se tornarem também DJs. Por isso, acredito que este é um fator importante que ajuda a distinguir os verdadeiros DJs dos "fake DJs", ou seja, os verdadeiros DJs, pedindo licença ao meu amigo Raidi Rebello, transpiraram para se aprimorar, técnica e musicalmente falando, para se profissionalizar, enquanto que hoje as influências para quem quer se tornar um DJ são pobres, sub-produtos de uma mídia que se alimenta de conteúdo que em nada agrega valor.
5) Existem hoje em dia softwares capazes de simular na tela de um computador dois toca discos (ou CDJs) e um mixer, com inúmeros recursos iguais ou até superiores aos melhores equipamentos, além de alguns poderem ser baixados gratuitamente pela internet. Esses softwares estão se popularizando por serem uma alternativa a quem deseja discotecar e não pode investir muito. Até que ponto a tecnologia e a internet são aliadas e, ao mesmo tempo, inimigas dos DJs?
A tecnologia voltada para os DJs vem se aprimorando e mostrando tendências que só vêm para auxiliar (repito, auxiliar) o trabalho do DJ que não abre mão de usar sua criatividade e sua técnica. Só quem deixa o equipamento fazer todo o trabalho são aqueles que se dizem DJs só pq rodam um software de discotecagem que faz tudo por eles. Isso não é ser DJ. Pessoas assim precisam de esclarecimento sobre o que é ser DJ, e o papel de levar esse esclarecimento é dos próprios DJs. O Dia Municipal do DJ é uma grande oportunidade de levarmos ao público esse tipo de esclarecimento, para que consiga distinguir quem é profissional e vive da profissão, e quem é um amador e se auto-proclama DJ sem ter transpirado para isso.

Sobre a questão da Internet, hoje ela é o principal canal para se estar antenado sobre o que rola de novidade nas tendências da música eletrônica, sejam elas do mainstream ou do underground. Os blogs pessoais e as redes sociais são veículos dentro da rede onde os DJs podem divulgar seu trabalho ou manter uma rede de contatos que viabilize trabalhos futuros. Um bom exemplo desses dois tipos de veículos são o facebook e o soundcloud.com. No entanto, os próprios DJs ficam à mercê da Internet
6) Com o entretenimento local tão bombardeado com a mesmice de estilos e ritmos musicais, o que pode ser feito para que a cena eletrônica possa ser melhor e mais bem prestigiada por quem procura diversidade cultural?
Assim como acontece na vida, as grandes transformações acontecem quando se tem coragem para encarar os medos e nos deixamos correr riscos. Quando os empresários do entretenimento de Manaus tiverem coragem suficiente para sair da mesmice, e apostarem na melhoria da diversidade cultural de nossa cidade investindo em música eletrônica, e principalmente valorizando o grande número de talentosos DJs que temos em nossa cidade, garanto que Manaus terá dado um passo importantíssimo para que também outras manifestações culturais tomem coragem para lutar pelo seu lugar ao sol, e assim ser também mais respeitada a nível nacional e mundial. Cada um que lute pelo seu, mas eu particularmente sonho com o dia que Manaus possa um dia ser rota para grandiosos eventos mundiais de música eletrônica do nível da TomorrowLand ou da Love Parade, onde haja uma grande variedade de estilos eletrônicos para todos os gostos. Temos cidades no Norte do país que estão bem mais atualizadas e diversificadas em termos de cena eletrônica do que Manaus. Mas para isso, o empresariado de entretenimento local precisa abrir a mente, expandir-se para novos horizontes. As poucas iniciativas que existem em Manaus são louváveis, merecedoras de aplusos, pois são corajosas. Investir na mesmice é fácil. Quero ver investir em novidade, em apliação de horizontes. Isso é o que eu quero ver. E de preferência, dando o devido respeito e notoriedade aos, repito, numerosos e talentosos DJs que temos em nossa cidade.
7) Você acredita que o DJ pode ser uma pessoa que, além de influenciar pessoas, pode ajudar a criar formadores de opinião?
Com certeza, sim. Nós somos profissionais que lidamos com o público, e se seu trabalho é visto com notoriedade e respeito, a tendência é as pessoas seguirem você de alguma forma. Dessa forma, o DJ pode ser alguém capaz de fazer a diferença nas mensagens e na postura como ele conduz seu trabalho e sua carreira. O DJ pode sim ajudar a formar profissionais que possam ter uma consciência de seu papel na sociedade, quer seja em movimentos sociais ou mesmo em night clubs, mostrando como ter postura, ética e profissionalismo.

8) No momento que a profissão de DJ for regulamentada no Brasil, como você acredita que o sindicato destes profissionais deve atuar para que, acima de tudo, a profissão seja respeitada e não mais banalizada e glamourizada?
Penso, e logo acredito, que a partir do momento que a profissão for regulamentada, e tivermos um sindicato da categoria sério, imparcial e de opinião firme exclusivamente em favor da categoria, livre de influências preciosistas e político-partidárias, será possível tirar do mercado quem não transpirou para ser DJ, e que usa esse título de forma indevidade e, a partir de então, ilegal. Quem for DJ terá que mostrar seu valor e ainda comprovar que vive disso, que tira seu sustento disto. Só assim a profissão terá o devido respeito. Mas é bom frisar mais um pouco importante que é a união dos DJs para que, com o apoio de um sindicato com as características que citei, possam denunciar aqueles que se dizem DJs mas que não passam de farsa, que só servem para denegrir e banalizar um ofício do qual existem muitos que, heróicamente, ganham seu sustento. Também acredito com esses fatores concomitantes, o empresariado também saiba melhor remunerar o DJ de sua casa noturna ou do seu evento particular. Com raríssimas exceções, o que se paga em casas noturnas é um disparate, uma vergonha. Temos empresários que ganham dezenas de milhares de reais na noite, e sujeitam DJs de casas noturnas a ganhar algumas poucas centenas de reais (as vezes, até dezenas!), enquanto trazem para cá pessoas que se dizem DJs e pagam cachês altíssimos para não fazerem jus.

9) Você como DJ defende e, principalmente, pratica ética em seu trabalho?
Quando era apenas frequentador de casas noturnas, já sabia quando uma virada era boa ou ruim, se o DJ trilhava ou não, e já ia soltando o verbo. Hoje eu dia, eu me policio mais pois essa conduta é anti-ética, assim como é anti-ético detonar um colega de profissão que está tentando emplacar projetos na cena e outros DJs querem embassar seu lado. Isso é sinônimo de respeito ao seu colega. Temos muitos DJs talentosos em Manaus, nas mais variadas vertentes e estilos de música eletrônica, no entanto, falta além de ética, união e respeito entre os DJs. Por mais que você tenha sua opinião sobre determinado estilo musical, ou tenha reservas sobre este ou aquele profissional, deve haver respeito. E a união entre nós gera respeito ainda maior perante outros segmentos da sociedade. Penso que o sindicato poderia instituir um código de ética, e da minha parte teria total e irrestrito apoio. Agora, enquanto esse código de ética não existe, devemos todos nós particarmos duas regras básicas e fundamentais entre colegas de trabalho: união e respeito.
10) Obrigado pela entrevista deixe suas considerações finais e seu últimos set mix para download e telefone para contato.
Eu agradeço a você, amigo DJ Ricardo Love, pelo espaço que me dedicou para expor minhas opiniões a respeito da cena eletrônica manauara e sobre os DJs da nossa cidade e do nosso Estado. Meu sonho é ver uma cena eletrônica forte, respeitada, e com nossos DJs sendo cada vez mais bem valorizados, tanto no aspecto social como financeiro. Nossa cidade merece diversidade cultural, merece ser ponto de rota para grandes eventos de e-music, e merece voltar a ser uma referência em termos de e-music no Norte do Brasil. Boa vibe a todos, e vamos em frente. Coragem, união e respeito é tudo o que precisamos ter e praticar para todos tenham o seu lugar ao sol. Um grande abraço a todos.

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